Como já disse em outros artigos, não existe “pílula mágica”, ou seja, um remédio que tenha ação rápida, sem efeitos indesejáveis associados e que seja totalmente resolutivo, supostamente sem qualquer cooperação por parte de quem o toma. Mas, por um momento, suponhamos que o coelho da Páscoa, Papai Noel e um político (“profissional”) honesto tenham passado a existir e, é claro, também nossa pílula mágica: o que aconteceria se você a ingerisse?
Como é uma pílula, assim que você a engole, ela cai no esôfago, a entrada do que chamamos de “tubo gastrintestinal” (que só termina no ânus) e terá que percorrer todo este tubo até chegar aos intestinos (delgado e grosso), onde será absorvida. Só que este tubo é essencialmente um conjunto de músculos que transporta o que ingerimos através de movimentos coordenados de contração, chamados de peristalse. E, como todo músculo, para funcionar direito, precisa de oxigênio, água e nutrientes. Sua pílula já não vai chegar a lugar algum se seu organismo não tem respiração, água e nutrientes em quantidade e qualidade adequados. E lembre-se: todo músculo precisa de “descanso” e reparo periódicos, ou entra em fadiga, e adivinhe quando seus músculos realmente descansam? Durante boas noites de sono. Mas suponhamos que seus hábitos forneçam estes suficientemente.
Através dos movimentos do esôfago, sua pílula mágica cai no estômago e, daí, é levada para os intestinos, onde precisa ser dissolvida (em água, é claro!) para, somente assim, já sob a forma de partículas menores, ser absorvida e cair no sangue. Ora, os intestinos só funcionam direito na presença de água, fibras e flora intestinal adequada (mais nutrientes, já que são músculos, lembra-se?). Se algum destes elementos faltar, seu intestino não vai conseguir absorver nada como deveria, e você vai eliminar sua pílula mágica nas fezes. Você quer isto? É claro que não! Então, suponho que você tenha adequado consumo de nutrientes, fibras, água e lactobacilos…
Agora sim: sua pílula mágica foi absorvida pelos intestinos e foi parar na sua corrente sanguínea… Ótimo! A história para por aí, resolvida? Não: seu sangue tem que circular bem para que sua pílula seja distribuída para os órgãos do corpo onde você espera que ela atue “magicamente” como esperado. Ocorre que uma boa circulação sanguínea depende do bom funcionamento de veias, artérias, vasos linfáticos e do seu coração, que, novamente, são basicamente músculos (relembrando: músculos precisam de oxigênio, água e nutrientes); depende também de um sangue fluido, “fino”, fácil de ser movimentado, o que só pode ser conseguido na presença de muita água (já que cerca de 92% do sangue é água); e depende muito, de maneira importante, de exercício físico regular no seu cotidiano, o que otimiza a função muscular geral e, assim, é imprescindível para a boa circulação sanguínea.
E quando a pílula chega aos órgãos-alvo, onde deve agir, é a água quem vai transportá-la do sangue para os tecidos destes órgãos, onde finalmente seu efeito “mágico” ocorrerá.
Para terminar, é claro que não existe “pílula mágica”, mas pense que o trajeto acima é o mesmo que seus remédios, medicamentos ou suplementos têm que percorrer para poderem surtir os efeitos esperados. Entendeu então, de uma vez por todas, que sem os bons hábitos de vida já tão ressaltados, eles podem ter sua eficácia reduzida ou mesmo não agirem?
Boa reflexão e saúde!
Um abraço.