“Mas Dr., já fiz exames completos com outros profissionais de saúde e deu tudo normal. Então, o que tenho? Será que tenho mesmo algum distúrbio?”
1 – Se uma pessoa se queixa de algum problema, é evidente que existe algum distúrbio. Se não for orgânico, pode ser de natureza psiquiátrica, manifestando-se na preocupação com uma condição que a pessoa acredita ter. Vocês concordam?
2 – Cada profissional de saúde solicita os exames que considera necessários. Ou seja, o que um profissional julga ser um exame “completo” pode não incluir diversos outros que outro profissional solicitaria. Cada ser humano tem sua própria maneira de pensar, suas opiniões e abordagens sobre tudo, e profissionais de saúde não são exceção. Portanto, o que é “completo” para um profissional pode ser considerado incompleto para outros.
3 – O que significa um resultado “normal” em um exame?
“Normal”, “aceitável”, “de referência”, “alterado”, “ideal” e “desejável” são conceitos distintos na prática clínica, muitos deles subjetivos. Vamos explorar esses termos em linhas gerais:
- O valor de referência de um exame é aquele informado pelo laboratório no laudo, como, por exemplo, a ferritina de um homem que deve variar de 29 a 300 ng/ml.
- Normal é aquilo que cada profissional considera não ser a causa ou agravante das queixas do paciente.
- Aceitável é um resultado que não está exatamente dentro do que o profissional gostaria, mas que ele considera “passável” para o caso em questão, merecendo apenas observação e acompanhamento futuro.
- Desejável é o resultado que o profissional almeja para seu paciente.
- Ideal é o resultado considerado como o mais benéfico para a saúde do paciente, na opinião do profissional de saúde.
- Alterado é um valor para o exame que o profissional julga anormal, mesmo que esteja dentro dos valores de referência.
Vamos ao exemplo da dosagem do hormônio DHEA:
O valor de referência do SDHEA para mulheres varia de 34 a 430 mcg/dl em um bom laboratório do DF. Dependendo das queixas da paciente, considero aceitáveis valores de 100 a 200, mas usualmente julgo desejáveis valores entre 200 e 400, com o ideal em torno de 300.
4 – Os laboratórios apresentam valores e unidades que podem variar de um estabelecimento para outro, o que dificulta a comparação entre resultados distintos. Além disso, existem laboratórios com diferentes níveis de qualidade em procedimentos, metodologias e equipamentos, e todos esses fatores afetam a qualidade e a confiabilidade do resultado final obtido.
5 – Muitos exames exigem condições específicas, como alimentação prévia, horário e descanso adequados. Eles também podem ser afetados por medicamentos e suplementos que estejam sendo utilizados. Nestes casos, fica evidente que o próprio paciente pode, inadvertidamente, prejudicar a confiabilidade dos seus exames.
Entenderam? Resumindo, o mesmo resultado de exame pode ser interpretado de maneiras diferentes por vários profissionais, dependendo dos conceitos, estudos, competência e parâmetros individuais de cada um!
Enfim, sobre exames complementares, complementem seu estudo lendo:
http://www.icaro.med.br/exames-complementares-o-que-e-importante-levar-em-consideracao/
Boa semana!