Compartilho com vocês um excelente artigo do Dr. Ítalo Rachid, que considero ser muito valioso:
Conversando sobre saúde com Dr. Ítalo Rachid – Hormônios ou remédios?
Tendo em mãos o dever e a responsabilidade de optar pelo tratamento mais seguro e mais eficaz para o seu paciente, o médico deve levar em consideração, antes de sua decisão em adotar uma determinada estratégia terapêutica, tanto os resultados de trabalhos científicos quanto as evidências e os resultados clínicos práticos. Ambos os pilares devem ter exatamente o mesmo peso no momento da decisão.
A medicina baseada em evidências envolve a síntese e a análise global de todos os dados e informações disponíveis ao se comparar diferentes opções terapêuticas para os pacientes.
Medicina baseada em evidências não significa que informações, dados e resultados clínicos expressivos e tabulados devam ser ignorados até que um estudo controlado e randomizado, de determinado tamanho e duração, seja concluído.
Antes de mais nada, requer o acesso à base corrente de dados e informações que permitam ao médico decidir qual o modelo terapêutico potencialmente capaz de promover os maiores benefícios com os menores riscos possíveis para os pacientes.
Quase 30 anos de publicações de estudos científicos e, principalmente, uso clínico sistemático em escala mundial têm demonstrado que a Modulação Hormonal Homóloga Humana não só é mais segura e clinicamente superior, como também não está associada aos claros, mensurados, comprovados e sérios riscos da reposição hormonal sintética.
No Brasil, esses hormônios vêm sendo utilizados na prática clínica há aproximadamente 18 anos, por um grupo atualmente constituído por cerca de 4.800 médicos que obedecem, em suas prescrições, a regras e respeitam limites, critérios de inclusão e de exclusão. São profissionais que têm, no seu conjunto, a responsabilidade de zelar pelas vidas de aproximadamente 1.000.000 (um milhão) de pacientes, sem que, até o presente momento, tenha sido reportado um caso sequer de evento com desfecho desfavorável, óbito ou efeitos colaterais graves que justifiquem a classificação da terapia de reposição hormonal como experimental, arriscada, ilegal ou prejudicial à saúde humana.
O contrário, infelizmente, não se pode dizer dos medicamentos.
Na atualidade, efeitos colaterais de medicamentos aprovados pelo FDA, prescritos regularmente por médicos durante uma consulta, já respondem pela quarta causa mortis nos Estados Unidos da América, sendo responsáveis por mais de 150.000 (cento e cinquenta mil) mortes anuais — uma verdadeira calamidade pública!
Significa que remédios, além de não estarem cumprindo seu papel precípuo de curar doenças, ainda mais grave, estão matando seres humanos de forma perversa e desnecessária!
Na atualidade, remédios só não matam mais que ataque cardíaco, câncer e derrame cerebral.
Por quê?
Seria a pergunta que qualquer ser humano faria diante dessa irrefutável e facilmente comprovável constatação.
E as respostas são dolorosas, mas absolutamente inquestionáveis:
1 – São os próprios fabricantes dos remédios que criam, dirigem e concluem pesquisas sobre a eficácia de seus produtos.
2 – Possuem um corpo jurídico permanente para fazer frente às constantes e permanentes denúncias sobre falhas graves, efeitos colaterais severos e até mesmo elevado número de mortes entre os usuários.
3 – Alguns medicamentos são lançados apesar da mínima capacidade de realmente interferirem beneficamente em prol dos pacientes.
4 – Muitos medicamentos são lançados mesmo quando os ensaios clínicos mostram, prévia e claramente, seus perigos potenciais e apontam seus graves efeitos colaterais, muitos deles fatais.
5 – As pesquisas são muito mais voltadas para as doenças que dão lucro.
6 – Existe omissão deliberada acerca dos efeitos adversos causados por seus produtos.
7 – Propaganda intensiva junto à classe médica.
8 – Campanha ostensiva para atacar, desvalorizar e desmoralizar outras condutas terapêuticas não farmacológicas.
9 – Interferências nas agências de vigilância, como o FDA e congêneres.
10 – Lobby agressivo no Congresso dos Estados Unidos.
11 – Muitos estudos independentes apontam que a relação entre a indústria farmacêutica, remédios, professores de medicina, médicos e agências reguladoras, como o FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos, é incestuosa e fraudulenta.
12 – Manipulação proposital de resultados em muitos dos trabalhos executados pela indústria farmacêutica.
13 – Lobby permanente junto às agências reguladoras para que emitam pareceres favoráveis às suas drogas.
14 – Inserção de especialistas sob sua orientação nas comissões reguladoras dentro dessas agências.
15 – Conluio entre detentores de patentes de exames laboratoriais e a indústria farmacêutica quando determinada droga é capaz de modificar exames laboratoriais.
16 – “Comprar um pesquisador acadêmico reconhecido — o tipo que faz palestras, escreve livros-texto e artigos de revistas — equivale à força laboral de 100 mil vendedores.” Afirma a Dra. Marcia Angell, ex-editora do New England Journal of Medicine.
17 – A relação promíscua chegou a tal ponto que o Congresso Americano aprovou o Physician Payments Sunshine Act, que determina, a partir de 2013, que a indústria farmacêutica e os fabricantes de equipamentos médicos revelem a origem do dinheiro utilizado para pagar os médicos.
18 – Hoje, muitos médicos sentem-se eticamente obrigados a seguir condutas rígidas sobre vários procedimentos, sobre as quais muitas vezes intimamente discordam ou, no mínimo, questionam. A maior parte dessas condutas é propagada e sustentada por trabalhos “científicos” tendenciosos, com sérios erros de desenho, patrocinados pela indústria farmacêutica. Ou seja, dentro do contexto do modelo batizado de “Medicina Baseada em Evidências”, não existem doentes, apenas doenças. Não existem seres humanos, apenas protocolos, o que configura uma clara inversão dos princípios básicos que sempre deram sustentação à arte de praticar medicina — onde o que valia mesmo era uma boa anamnese, um exame físico bem feito e minucioso, uma consulta na qual o profissional estava muito mais preocupado com o ser humano à sua frente e muito menos com o relógio no seu pulso. Cenários que nos levam a esquecer, gradativamente, a cada dia que passa, que o mais importante, no momento de formularmos uma proposta terapêutica, é e sempre será usarmos nosso conhecimento e experiência, fruto de longos anos de treinamento e prática; nossos olhos, nossos ouvidos, nosso bom senso, nossa responsabilidade profissional, nossa ética e nosso cérebro para simplesmente decidirmos se um paciente irá ou não beneficiar-se de uma determinada forma de tratamento e, ao mesmo tempo, sermos capazes de assumir todas as consequências e responsabilidades inerentes aos nossos atos.
19 – Ou seja: para tratar diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, esclerose múltipla, câncer, depressão, entre centenas de outras doenças, a única coisa que interessa é o protocolo.
20 – “Não há um único setor da medicina acadêmica, da pesquisa acadêmica ou da educação médica em que as relações com a indústria farmacêutica não sejam onipresentes.” Afirma o Dr. Eric Campbell, professor da Escola de Medicina da Universidade de Harvard.
21 – Recrutamento de médicos para serem garotos-propaganda da indústria.
22 – Recomendar drogas que tiveram estudos clínicos nos quais foram propositadamente omitidos dados sobre efeitos colaterais inaceitáveis e fatais.
23 – Divulgar conceitos e protocolos que beneficiam drogas que ainda não foram completamente testadas e cuja segurança ainda não se encontra totalmente estabelecida.
Independentemente de qual modelo se adote, seja curativo ou preventivo — porquanto ambos possuem suas virtudes e seus defeitos — existe um conjunto de perguntas que cada um de nós, enquanto médicos, deveríamos fazer e responder antes de optarmos por qualquer um dos modelos, quer seja a prescrição de fármacos sintéticos para controlar sintomas de doenças, quer seja aplicar, de modo individualizado, um conjunto de técnicas e estratégias, dentre as quais o reequilíbrio hormonal, com o intuito de promover melhor qualidade de vida. São elas:
1 – Meu diagnóstico está correto?
2 – O medicamento foi prescrito confiando na indústria farmacêutica?
3 – Este medicamento foi exaustivamente pesquisado, e os riscos de usá-lo são conhecidos e amplamente divulgados?
4 – Os riscos de efeitos colaterais indesejáveis, graves e até mesmo fatais, bem como os efeitos cruzados com outros fármacos ou mesmo a interferência com os sistemas de detoxificação e metabolização natural do hepatócito — mediados pelo complexo de enzimas do citocromo P450 na fase I e pelo ácido glicurônico na fase II — foram rigorosa e criteriosamente avaliados pelo médico prescritor antes da assinatura dessa prescrição?
5 – Os responsáveis por sua liberação são pessoas éticas, que jamais o licenciariam para venda se restasse alguma dúvida sobre sua eficácia ou capacidade de causar algum dano?
6 – O problema do meu paciente é causado pela falta dessa substância ou princípio farmacológico no seu organismo?
7 – Estou tratando a causa do problema ou apenas controlando os seus efeitos?
8 – E, finalmente, e mais importante: o paciente sente-se melhor, igual ou pior com o tratamento proposto?
E, para finalizar: desconhecer, de forma propositada ou não, e/ou negar a existência da robusta gama de evidências científicas de alta qualidade que demonstra e comprova, de forma cabal e inequívoca, o papel fundamental dos hormônios não apenas na promoção da saúde, mas também na redução dos riscos de doenças, tais como demência senil de Alzheimer, depressão, hipertensão, câncer, infarto do miocárdio, AVC, diabetes, osteoporose, artrite, dentre tantas outras, configura não apenas um ato de omissão perverso, antiético e inaceitável contra os seres humanos, mas lança, em pleno século XXI, a medicina de volta aos tempos obscuros da Santa Inquisição!
Um excelente domingo a todos!
Dr. Ítalo Rachid – CREMESP 114612
Texto original em: https://www.facebook.com/italo.rachid.1/posts/1681806128747741
Aprenda ainda mais em: https://icaro.med.br/hormonios/