Pesquisas que condenam suplementos vitamínicos apresentam várias falhas

Pesquisas condenam suplementos vitamínicos, mas apontam falhas metodológicas

Por Blake Gossard, Kira Schmid, ND, Lucas Hube, ND, MBA, Steven V. Joyal, MD.

Fonte: Life Extension Foundation
Traduzido por: Essentia Pharma

“Com graves erros metodológicos, duas publicações e um editorial da edição de 17 de dezembro da revista Annals of Internal Medicine tentaram colocar em descrédito o valor dos suplementos vitamínicos.¹-³

Em um dos estudos, os participantes receberam polivitamínicos sem garantia de qualidade ou em doses terapêuticas inadequadas. As taxas de adesão e de abandono ao tratamento foram decepcionantes em todos os estudos. No entanto, as fontes convencionais estão usando esses estudos falhos para condenar os multivitamínicos.

O primeiro estudo, que utilizou suplementação vitamínica de baixa dosagem, analisou os efeitos cognitivos em idosos do sexo masculino² e, não surpreendentemente, as conclusões questionaram os benefícios dos polivitamínicos para a cognição. No segundo estudo, os indivíduos com histórico de infarto tiveram seus parâmetros para risco cardiovascular avaliados e monitorados por cerca de 4,5 anos, recebendo, concomitantemente, um suplemento polivitamínico ou placebo.¹

Embora apresente falhas no desenho e metodologia, ainda assim o estudo revelou evidências benéficas na associação entre polivitamínicos e risco cardiovascular. No entanto, os pesquisadores que desenvolveram o estudo ignoraram os apontamentos que ofereceram proteção ao sistema cardiovascular, questionando os benefícios desse tipo de tratamento – equívocos que não estão sendo discutidos nos meios de comunicação.

Tópicos relacionados ao estudo da função cognitiva

Critérios inadequados

Indivíduos que ingeriram o suplemento em apenas 2/3 do período do estudo foram incluídos, ou seja, mesmo que ficassem 4 meses durante o ano sem a suplementação, esses participantes fariam parte das estatísticas.

Questionário baseado na memória

Uma vez por ano, os participantes eram convocados a relatar como estava seu tratamento. Esta abordagem, baseada na memória, tende a ser tendenciosa, uma vez que estudos mais rigorosos, entre outros métodos, solicitam aos participantes que tragam consigo a quantidade de produto não utilizada para ser quantificada.

Baixa dosagem

O suplemento utilizado na pesquisa apresentava concentrações inadequadas de nutrientes, bastando observar a pequena quantia de vitamina C (60 mg), de vitamina B12 (25 mcg) e selênio (20 mcg).

Pessoas que buscam a saúde e que sejam conscientes com as necessidades nutricionais para fins terapêuticos sabem que as doses acima são improváveis de oferecer benefícios consideráveis à saúde, além de ser ressaltado pelos próprios autores que “doses de vitaminas podem ser muito baixas…”.

Benefícios Cognitivos

Após 2,5 anos de tratamento com baixa dosagem, houve uma melhora na função cognitiva dos participantes comparada aos controles, embora sem significância estatística.

Nutrientes X Função Cognitiva

As vitaminas B6, B12 e o ácido fólico são importantes para as reações de metilação e a deficiência desses nutrientes está associada ao comprometimento grave da função cerebral.⁵ Foi visto que homens e mulheres com transtorno cognitivo leve suplementados com vitaminas B6, B12 e ácido fólico por 24 meses apresentaram 29% menos atrofia do cérebro e resultados dos testes cognitivos mais elevados, em comparação com aqueles que receberam placebo.⁶
Diversos estudos implicam o estresse oxidativo em patologias de comprometimento cognitivo leve e na doença de Alzheimer,⁷–⁹ e as vitaminas antioxidantes como C, E e betacaroteno aparecem como protetores cerebrais contra os danos oxidativos.¹⁰

As evidências apontam ações da vitamina A sobre a fisiologia e comportamento do cérebro em adulto. Um exemplo é um metabólito da vitamina A, o ácido retinoico, que sinaliza a regulação do crescimento da célula nervosa e do nervo, e a plasticidade sináptica.¹¹

Em um estudo duplo-cego, placebo-controlado, envolvendo mais de 200 indivíduos saudáveis com 50 anos em média, foram divididos aleatoriamente em dois grupos que receberam vitaminas ou placebo e então foram avaliados para a função cognitiva. Durante os desafios cognitivos propostos, aqueles que ingeriram maior quantidade de nutrientes mostraram-se menos fatigados, além de serem mais rápidos e precisos na resolução dos mesmos.¹²

Outro estudo duplo-cego, controle-placebo, publicado em 2012 por pesquisadores australianos, administrou polivitamínicos em homens com idades entre 50 a 74 anos durante 8 semanas. Os autores notaram que a suplementação melhorou significativamente alguns aspectos da memória e concluíram que “a suplementação relativamente de curto prazo pode prevenir […] fatores de risco para o declínio cognitivo.”¹³

Tópicos relacionados ao estudo sobre alterações cardiovasculares

Baixa adesão

Quando estudado os parâmetros de risco cardiovascular, 46% dos indivíduos abandonaram o tratamento durante o estudo – porcentagem consideravelmente alta. Para gerar uma análise eficaz, há de se recorrer a um número aceitável de participantes que sigam o tratamento do início ao fim. Para membros da Life Extension®, “…é surpreendente que os editores da Annals of Internal Medicine permitissem que esta pesquisa metodologicamente falha fosse publicada.

Sabemos que benefícios para a saúde não são adquiridos casualmente ou com tratamentos intermitentes, e sim devido a um esforço ao longo da vida que requer qualidade e regularidade dos suplementos nutricionais.”

Estudo minimiza os efeitos dos polivitamínicos

Dois participantes incluídos na pesquisa e suplementados tiveram eventos cardiovasculares reduzidos, embora sem significância estatística. Esse efeito normalmente é maior quando a duração do tratamento é superior a 4 anos e meio. Apesar de concluir que os polivitamínicos não protegem contra alterações cardiovasculares, os próprios pesquisadores encontraram uma redução de 11% em seu endpoint primário. Além disso, houve uma redução de 18% no endpoint secundário.

Intervalo de Confiança (IC) alto

Uma importante parte em um desenho de estudo envolve a definição de um intervalo que considere os resultados estatísticos relevantes ou não. Neste estudo, os autores projetaram uma redução de 25% no risco cardiovascular. Isso significa que para o tratamento apresentar-se eficaz, a intervenção teria que eliminar 1 em cada 4 resultados para as alterações cardiovasculares – taxa considerada altíssima e que pressupõe que os polivitamínicos não dariam nenhuma vantagem desde o início.

Grupo suplementado apresentava mais pacientes diabéticos

O Diabetes mellitus é um dos mais fortes fatores de risco conhecidos para a doença cardiovascular. Portanto, é extremamente importante que qualquer estudo certifique-se de que todos os participantes tenham taxas basais de glicose semelhantes. Se houver níveis alterados e muito diferentes entre si, o grupo com maior frequência de diabetes terá maior risco cardiovascular.

Baixas doses de vitaminas D e B12

Embora os pesquisadores tenham se referido ao polivitamínico como “muito eficaz”, um dos componentes mais importantes para a saúde do coração era praticamente ausente da fórmula.¹⁴ No estudo, a vitamina D estava em uma dosagem de 100 UI. Para a manutenção dos níveis de 25(OH)D entre 50 a 80 ng/mL, a comunidade médica atualmente defende o uso diário de 2000 UI de vitamina D ao dia.

O outro nutriente pouco disponibilizado foi a vitamina B12 (100 mcg). Esta é fundamental para reduzir os níveis do aminoácido homocisteína na corrente sanguínea, o qual está associado com o risco cardiovascular.¹⁵ Médicos consideram que níveis entre 300 a 600 mcg de vitamina B12 são necessários para manter os níveis de homocisteína ideais (8 μmol/L).¹⁶

Negligenciada a importância do gama-tocoferol

Enquanto a forma alfa-tocoferol da vitamina E foi incluída na fórmula utilizada no estudo, a forma gama-tocoferol não o foi. Evidências mostram que, na ausência de gama-tocoferol, o alfa-tocoferol pode não proporcionar uma proteção cardiovascular significativa, além de reduzir os níveis pré-existentes de gama-tocoferol.

O Editorial minimiza os benefícios pesquisados de vitaminas e minerais

Apesar das opiniões apresentadas pelos autores do editorial, outras pesquisas mostraram que os polivitamínicos protegem contra o câncer e doenças cardiovasculares.²⁶,²⁷

Conclusão

Com base em uma análise desses estudos e às pesquisas existentes, a Life Extension® continua a recomendação da suplementação de um polivitamínico de alta qualidade, contendo doses fisiológicas de uma ampla gama de vitaminas e minerais, bem como doses maiores de ômega 3, vitamina D, curcumina, coenzima Q10, PQQ, carnosina, ácido lipoico, entre outros nutrientes e hormônios que desempenham um papel crucial na manutenção da saúde.”

Referências

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