Os maiores motivos de morte ou sequelas em todo o mundo são as doenças circulatórias, sendo as principais o infarto e o acidente vascular cerebral (“derrame”). É amplamente conhecido e estudado que suas principais causas são fatores físicos e psicológicos plenamente evitáveis ou controláveis, relacionados à adoção e manutenção de hábitos de vida mais saudáveis (saiba mais sobre esses hábitos em http://www.icaro.med.br/habitos-saudaveis-de-vida/). No âmbito físico, a inflamação desempenha um papel crucial que os hábitos de vida ruins podem trazer e manter. No aspecto psicológico, o estresse é o maior culpado, direta ou indiretamente, por afetar a saúde do ser humano ou mantê-lo doente.
O estresse agudo, experimentado por curtos períodos de tempo, desempenha um papel fundamental no organismo, permitindo-lhe adaptar-se a situações novas e resolvê-las. No entanto, o estresse crônico, mantido por um período prolongado, coloca o organismo em um estado constante de alerta, resultando em profundas alterações neuroendócrinas. Isso leva o corpo e a mente à exaustão devido ao consumo excessivo de nutrientes, falta de reposição adequada desses nutrientes e a ausência de descanso suficiente para se recuperar. Em outras palavras, a pessoa estressada exige cada vez mais do seu organismo, sem proporcionar as condições necessárias de energia, nutrientes e repouso para enfrentar a crescente demanda.
Então, você pode estar se perguntando: “Mas Ícaro, você não mencionou anteriormente que a maioria dos fatores que levam às doenças circulatórias são plenamente evitáveis e controláveis? O estresse não é um deles?” Sim, é verdade… A grande questão é que o controle do estresse se tornou um dos principais desafios da humanidade nas últimas décadas. Isso ocorre porque, de forma simplificada para esta análise, estamos constantemente sob pressão para sermos mais produtivos (tanto pela sociedade quanto por nós mesmos) e para encontrar soluções rápidas para todos os problemas. Nessa busca desenfreada, muitas vezes alegamos que estamos enfrentando a falta de um recurso simples: TEMPO.
Resolver problemas demanda tempo; produzir leva tempo. No entanto, muitas pessoas esquecem que é o organismo humano que produz e resolve impasses, e quando ele está em desequilíbrio, não consegue cumprir essas missões e, além disso, fica suscetível a adoecer. O erro mais comum é não reservar tempo para atender às necessidades básicas do corpo e da mente. Erroneamente, muitos consideram que dedicar tempo a isso é uma perda de tempo que poderia ser usado para trabalhar mais, resolver mais problemas e produzir mais. Em outras palavras, quando submetido ao estresse, é comum o indivíduo negligenciar aspectos essenciais da sua saúde. Ele deixa de se hidratar adequadamente, não se alimenta corretamente, deixa de se exercitar, não descansa o suficiente e até mesmo respira superficialmente. Além disso, muitas vezes, ele deixa de buscar o apoio de profissionais de saúde, como médicos, nutricionistas e psicólogos, com a frequência necessária. Tudo isso, porque acredita que não tem tempo a perder. Esses comportamentos lentamente exaurem o organismo, causando mal-estar, sintomas e doenças. No entanto, em vez de buscar ajuda para reverter esse processo, o indivíduo estressado aprende a conviver com esses problemas, mesmo que insatisfeito, porque acredita que “não pode parar”. Paradoxalmente, acelera ainda mais seu declínio orgânico, tornando-se cada vez menos produtivo. Mas, afinal, não eram a produtividade e a resolutividade os objetivos principais?
E pouco adiantam fórmulas mágicas tidas como “anti-stress” no contexto de um organismo que, pelo estresse, sequer tenta manter o mínimo de hábitos de vida saudáveis (entenda por que em “A Pílula Mágica”: link); ou você acha mesmo que um “remedinho” vai fazer por você tudo o que você negligencia diariamente?
Portanto, quero transmitir uma mensagem simples para aqueles que vivem sob constante estresse: reservar um tempo todos os dias para cuidar de si mesmos não é uma perda de tempo, mas sim a única maneira necessária de manter seus corpos e mentes plenamente capazes de enfrentar o estresse com sucesso, sem sacrificar sua saúde no processo. Isso é perfeitamente viável por meio de algo simples, mas muitas vezes negligenciado: o planejamento. A ideia de “deixar a vida me levar, vida leva eu” deve ser apreciada apenas no contexto da música à qual pertence. Se você não pratica exercícios físicos, ninguém pode fazê-los por você, e é o seu sistema circulatório que pode entrar em colapso. O mesmo se aplica à hidratação adequada, alimentação equilibrada, sono reparador e respiração adequada. Se você não se esforçar para promover esses hábitos saudáveis, acredita realmente que alguém pode fazê-lo por você?
Tenho pouco a aconselhar sobre planejamento, pois cada pessoa precisa aprender a encaixar o cuidado com seu próprio organismo em sua rotina diária, que é única para cada um. Para mim, o livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” de Stephen Covey foi de grande ajuda, mas o conceito é simples: planeje melhor o seu dia com antecedência e poderá, pelo menos, desenvolver hábitos de vida mais adequados. Digo isso com a confiança de ter atendido dezenas de milhares de pacientes que, ao perceberem a importância de cuidar melhor de si mesmos (o que vinham negligenciando), conseguiram encontrar tempo em sua rotina diária para praticar hábitos mais saudáveis. Os resultados? Mais saúde, mais bem-estar, melhor qualidade de vida e maior produtividade. E não era esse o objetivo principal desde o início?
CONFIRA: https://icaro.med.br/stress/
Está esperando o que para começar? O primeiro infarto ou derrame, que podem tirar muito ou “todo o tempo do mundo”?
Um abraço, Ícaro Alves Alcântara
