O colesterol, frequentemente rotulado como prejudicial à saúde, na verdade desempenha um papel essencial em várias funções do corpo. Entender completamente o colesterol é crucial para esclarecer muitos dos mal-entendidos que envolvem essa gordura vital do nosso organismo. Este artigo tem o objetivo de explicar o que é o colesterol, sua importância para a saúde e discutir as implicações do uso de medicamentos, como as estatinas, na sua regulação.
Colesterol – MINHA OPINIÃO médica – Valores ideais, Estatinas e Saúde – Dr. Icaro Alves Alcântara
Colesterol – Perguntas e Respostas Maio 2018
✅ O que é Colesterol
O colesterol é um tipo de gordura presente em todas as células do corpo humano. Essencial para a vida, ele tem um papel importante na formação das membranas celulares, na produção de hormônios, na síntese de vitamina D, na constituição dos nervos, etc. Embora uma parte do colesterol provenha da alimentação, a maior parte (até 80%) é produzida pelo nosso fígado, a partir dos carboidratos consumidos. Alimentos como massas, biscoitos, pães, arroz branco e batatas são fontes comuns de açúcar, que portanto influenciam os níveis de colesterol.
Já entendemos que o colesterol em si não é prejudicial, considerando seu papel essencial em diversos processos do nosso corpo. Com isso em mente, questiona-se se realmente faz sentido acreditar que a natureza teria inserido em nós uma “bomba-relógio”, já que somos capazes de produzi-lo mesmo sem a ingestão de gordura. Os problemas surgem quando há um excesso de colesterol, frequentemente devido ao elevado consumo de açúcares (ainda que existam outras causas), ou quando ele se oxida, formando depósitos nas artérias. Em níveis adequados, o colesterol é indispensável para o funcionamento do corpo.
✅ Tipos de “Colesterol”: HDL e LDL
Há um mito de que o HDL (High Density Lipoprotein) é o “colesterol bom” e o LDL (Low Density Lipoprotein) é o “colesterol ruim”, mas, na realidade, não existe essa divisão de “bom” e “mau” colesterol. Primeiramente, tanto o HDL quanto o LDL não são, por si só, colesterol, mas sim moléculas, especificamente lipoproteínas – gorduras combinadas com proteínas, que transportam o colesterol pelo corpo, e cada um desempenha uma função importante. O LDL leva o colesterol para as células, para que seja utilizado: para fabricar hormônios (os chamados “esteroidais” como pregnenolona, DHEA, progesterona, testosterona, estradiol, cortisol, aldosterona, entre outros), para compor a membrana das células, para formar nervos, entre outros, enquanto o HDL remove o excesso do sangue, transportando-o de volta ao fígado para ser “reciclado” ou destruído/eliminado.
✅ Mas quais são os níveis ideais para o HDL, o LDL e o Colesterol Total? E O QUE ACONTECE QUANDO ELES ESTÃO BAIXOS?
EM GERAL:
HDL | Acima de 60. |
LDL | Mais ou menos o dobro do HDL, algo em torno de 110 a 140. |
COLESTEROL TOTAL | Em torno do triplo a quádruplo do valor do HDL, algo entre 180 a 240. |
Esses níveis acima são os ideais para se ter o “colesterol saudável” para pessoas que adotem e mantenham bons hábitos de vida. Há um mito que sugere que o colesterol deve estar sempre baixo; no entanto, o ideal é manter um equilíbrio, conforme os níveis mencionados anteriormente. Com um colesterol muito baixo, o organismo pode não ter condições adequadas para produzir vários hormônios, recuperar-se de lesões, fabricar vitamina D e ácidos biliares, produzir e recuperar nervos. E, por falta desses processos essenciais, a saúde pode ser comprometida; portanto, um colesterol muito baixo pode, sim, ser bem perigoso.
✅ ESTOU COM O “COLESTEROL ALTO”, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? PRECISO TOMAR RÉMEDIOS PARA BAIXÁ – LO? As estatinas fazem mal?
“Colesterol alto” não significa automaticamente que é necessário tomar remédios para baixá-lo.
Quando o colesterol está alto, é possível que o corpo esteja elevando esses níveis como uma tentativa de corrigir certas deficiências. Isso pode incluir carências de nutrientes, a necessidade de reparar tecidos ou combater alguma inflamação em andamento. Essa elevação pode ser resultado de maus hábitos de vida, como uma alimentação inadequada rica em açúcares, deficiências de vitaminas e minerais devido à dieta pobre, falta de ingestão de água suficiente, insuficiência de exercícios físicos, entre muitos outros fatores.
Situação comum: você realiza exames de sangue e, na maioria das vezes, eles incluem o lipidograma completo, ou a dosagem de colesterol. Atualmente, se o colesterol total ultrapassa 180, a maioria dos médicos tende a prescrever estatinas, um grupo de drogas usadas no “tratamento” do colesterol (na verdade, redução da sua síntese pelo fígado), medicamentos usados para diminuir o colesterol, como sinvastatina, atorvastatina, rosuvastatina, entre outros. Mas, onde está o problema nessa abordagem?
Primeiro, você pode estar tomando remédios desnecessariamente. O organismo, como já dito acima, aumenta naturalmente a produção de colesterol quando precisa reparar lesões, produzir vitamina D (que na verdade é um hormônio), produzir hormônios esteroidais (como testosterona, estradiol, cortisol), reparar nervos, multiplicar células, entre outras funções. Portanto, o colesterol não é o vilão ou “mau”. Muitas pessoas podem estar prejudicando esses processos vitais ao usar estatinas: sem uma análise médica detalhada dos hábitos de vida, alimentação, exames complementares, entre outros, para identificar a causa do aumento do colesterol, o uso de medicamentos para baixá-lo pode ser prejudicial. Isso priva o corpo de realizar funções essenciais que dependem do colesterol, como as já citadas.
Além disso, diversos estudos comprovaram que as estatinas estão associadas a efeitos colaterais que podem surgir pouco tempo após o início do tratamento e tendem a piorar com o uso prolongado. Estes efeitos incluem cansaço, dores e fraquezas musculares, dores de cabeça, memória prejudicada, aumento no risco de diabetes, depressão, pancreatite e até uma maior incidência de câncer. Esses problemas ocorrem porque as estatinas são medicamentos para baixar o colesterol, pois bloqueiam uma enzima chamada HMG-CoA redutase, crucial na produção de colesterol. Ocorre que esta enzima é parte de um processo conhecido como via do mevalonato, essencial para uma série de reações químicas que resultam na formação de várias substâncias importantes para o funcionamento do organismo. Ao usar estatinas, além de reduzir a produção de colesterol, também interferimos na criação de outras moléculas essenciais, incluindo a coenzima Q10, que é fundamental para a produção de energia e age como um antioxidante dentro das células, e o dolichol, que ‘orienta’ a fabricação de várias proteínas.
No entanto, existem exceções: Primeiramente, se seu colesterol estiver acima de 300, você possivelmente precisará usar estatinas por um curto período de tempo, enquanto investiga as causas, que geralmente estão relacionadas a maus hábitos de vida. O segundo caso ocorre mesmo após uma avaliação médica detalhada dos hábitos de vida, alimentação, exames complementares, entre outros, e tudo estando dentro do ‘normal’, ou até mesmo após a adoção de hábitos de vida saudáveis, uma alimentação adequada e correção de deficiências em vitaminas (explicarei abaixo como isso pode ajudar), se o nível elevado de colesterol persistir, pode ser que haja um problema genético, como a dislipidemia hereditária – esta condição é caracterizada pela presença persistente (e refratária a tratamentos) de níveis elevados de lipídios no sangue. Nesses casos, o uso de estatinas pode ser necessário, juntamente com a suplementação de Coenzima Q10, pois as estatinas podem bloquear essa substância, como já explicado. No entanto, é fundamental discutir essa possibilidade com um médico de confiança e bem informado sobre o assunto.
✅ Como posso diminuir o colesterol alto ou prevenir de forma eficaz?
A base, e que mais é eficaz, é simples: adotar bons hábitos de vida, uma alimentação adequada e, quando necessário, a suplementação, podem ser mais benéficos do que o uso de estatinas. Como mencionado anteriormente, se o colesterol está elevado, o corpo pode estar reagindo a uma necessidade de corrigir algo que está em falta, como vitaminas e minerais, reparar tecidos ou combater alguma inflamação em andamento, e essas situações são frequentemente consequência de maus hábitos de vida. Ações como beber mais de 3 litros de água por dia, manter uma alimentação correta, com o menor número de açúcares possível, comer mais frutas, legumes, limitar a ingestão de leite/glúten, utilizar suplementação adequada e praticar exercícios físicos, entre outros, são fundamentais não apenas para controlar o nível de colesterol, mas também para melhorar a saúde de forma integral, em todos os aspectos.
✅ O colesterol tem ligações com doenças cardíacas?
Sugiro que leia o excelente texto do Dr. Carlos Braghini, intitulado “O Mito do Colesterol e as Doenças Cardíacas”, que faz parte do livro “Ecologia Celular – O Papel da Alimentação e do Meio Ambiente no Envelhecimento e na Longevidade”. Este texto está disponível no site e oferece uma compreensão detalhada sobre esse assunto.
LEMBRE – SE: O colesterol não é seu inimigo. Quando se toma um medicamento para baixar o colesterol sem investigar as causas desse aumento, pode-se estar bloqueando os esforços do próprio organismo para se recuperar. O mais importante é investigar as causas, corrigir os fatores desencadeantes, adotar melhores hábitos de vida (https://icaro.med.br/12habitos/), e buscar o equilíbrio de vitaminas e minerais, hormônios e neurotransmissores. Isso pode ser muito mais eficaz em alguns casos do que o uso de medicamentos, que frequentemente têm efeitos colaterais. Explico tudo isso no meu nono livro, “Domine Sua Saúde”, disponível gratuitamente em formato PDF em www.dominesuasaude.com.br ou no banner abaixo. O conteúdo garante que você aproveite a vida com mais vitalidade e menores chances de doenças evitáveis. São quase 160 páginas de conhecimento que, se aprendidas e praticadas por você, certamente ajudarão a recuperar, manter ou melhorar a saúde, entendendo melhor o que é importante e como aplicar isso na sua vida de maneira simples, mais natural, porém bastante efetiva.