Para quem ainda acredita no MITO que todos os hormônios causam câncer

O BRILHANTE e muito elucidativo texto abaixo está aqui reproduzido sob autorização do Dr. José Carlos Brasil Peixoto, médico, conforme original enviado para mim pelo próprio autor. É um texto algo longo mas que MUITO BEM explica e desmistifica vários aspectos atinentes ao uso consciente de hormônios na busca e manutenção de real saúde para qualquer paciente que precise, em qualquer idade; na minha opinião, é leitura obrigatória para quem quer saber mais sobre hormônios e sua vasta utilidade para a saúde humana, tudo bem embasado em evidências científicas suficientes e inquestionáveis; enfim: leia e forme sua própria opinião…

(Este post foi atualizado em Dezembro/2014)

 


“NOSSOS HORMÔNIOS 

E UMA RENOVAÇÃO TERAPÊUTICA

Idealização, preconceitos e realidade

Recentemente o tema de tratamento hormonais tem sido objeto da mídia.

O termo tem inúmeras referências em sites de busca na internet e

já foi alvo de reportagens em rádio, televisão e revistas.

Como em outras questões ligadas à saúde,

surgem controvérsias e posicionamentos radicalizados.

Possivelmente isso poderá ter adeptos e detratores que lidem

com esse tema com excessiva passionalidade.

Mas é um tema que precisa de uma discussão sensata, para que de fato

o público em geral entenda as premissas corretas do

conceito subjacente à fisiologia envolvida e do que se trata – objetivamente –

um tratamento com hormônios!

Uma breve história dos esteroides

O emprego de substâncias que se comportam como hormônios esteroides não é exatamente uma novidade. O primeiro análogo de hormônio esteroide feminino, o etinil-estradiol, foi sintetizado em 1938, na Alemanha(1). Outro análogo, de uso em larga escala, seria o Premarin®, que é obtido da urina de éguas prenhas, chamado capciosamente de estrógenos conjugados naturais,(2) embora não tenha o perfil hormonal da espécie humana, chegou ao mercado em 1942.

Mas o emprego de extratos hormonais como fonte de rejuvenescimento é mais antiga. Tem-se noticia que em 1889 um professor de Harvard teria testado em si mesmo um elixir da juventude que nada mais era do que extrato de testículos de animais, que o teria deixado com energia e sensação de grande bem estar. Nesse caso o hormônio em pauta seria a testosterona.

Os esteroides sexuais só foram isolados 40 anos após, por um bioquímico americano. Pouco depois foi isolada a testosterona (1931).  Mas foi a descoberta da conexão entre o colesterol e os hormônios sexuais que habilitou a primeira síntese, parcial, em laboratório, que logo em seguida, em 1939, permitiu a síntese de pregnenolona a partir do colesterol.

Vários hormônios não esteroides, ou seja, não derivados do colesterol foram descobertos antes disso, o que inclui a adrenalina, os hormônios da tireoide e a insulina.

Essa particularidade de “nascença” – derivado do colesterol – torna os esteroides hormônios bastante particulares. Afora, é claro, abranger o grupo dos hormônios sexuais, não se pode esquecer que sua família inclui outros atores importantes. O cortisol e seus derivados, com funções quase infinitas na fisiologia humana, e a aldosterona (gerente do equilíbrio ácido básico, das taxas dos minerais que são controlados nos rins, basicamente sódio, potássio e o cloro, além de manter o volume de água corporal) que tem grande papel no equilíbrio da pressão arterial.

O grande impulso ao uso difundido de substâncias que se comportam como esteroides sexuais, foi dada pelo médico americano Robert Wilson, tido como o pai daquilo que ficou conhecido como terapia de reposição hormonal(3). Seu alvo foram mulheres da menopausa. O objetivo partilhava as antigas ideias do elixir da juventude. O título de seu famoso livro: Feminine forever (Feminina para sempre) sugeria isso. Não podemos falar em terapias anti-envelhecimento, (o próprio Conselho Federal de Medicina veda esse tipo de terminologia) afinal envelhecer é um processo biológico inevitável, mas envelhecer com dignidade (preocupação de órgãos oficiais de governo, como por exemplo cita esse artigo LINK) tem sido ambição social que tem estimulado a medicina a se manter em contínua busca desse objetivo.

Problemas comprovados

O uso de esteroides compõe um amplo leque do conhecimento médico. A natureza, as aplicações e as implicações dessas substâncias abrangem uma vasta área de utilização. Da síntese das pílulas anticonceptivas aos aditivos utilizados por atletas, do tratamento de inúmeros transtornos ligados à sexualidade, às aplicações dos corticóides sintéticos para alergias ou reumatismo, os esteroides são de longe um dos mais importantes temas de farmacologia, infelizmente mais do que da própria fisiologia. Assim suas potencialidades terapêuticas poderiam superar as necessárias cautelas a serem observadas previamente ao uso quase irrestrito.

O maior choque seria a comprovação de que o uso da terapia hormonal convencional, baseada em medicamentos popularizados (basicamente Premarin® eFarlutal®) seria mais arriscado do que benéfico para mulheres como tratamento do climatério. O aumento substancial de câncer de mama, derrame, infarto e doença tromboembólica não superaria as eventuais vantagens de um sedutor bem estar. Essa afirmativa não é mais um temor especulativo ou um preconceito retrógado. Os estudos do WHI não deixavam dúvidas: hormônios (no caso específico: artificiais) usados na difundida reposição hormonal podem fazer mais mal do que bem!(5)

Infelizmente isso nunca foi perfeitamente explicado pela mídia. A terapia de reposição hormonal ordinária não representa com exatidão o perfil hormonal do organismo humano. Utiliza substâncias (bastante) parecidas, mas não iguais, e essas diferenças só podem ser entendidas e valorizadas quando entramos mais profundamente no conhecimento dos disruptores endócrinos (sobre o tema: endocrine disruptors, ver esse artigo do NIH).

Quando refletimos com esse tipo de conhecimento em mente podemos chegar a algumas impressões sobre um possível preconceito fruto da ignorância dessas premissas. Não é difícil imaginarmos que hormônios artificiais, (ou dosagens artificiais, ou formas de uso artificiais, quem sabe baseados em mensurações laboratoriais sem total exatidão) geram problemas! Isso pode ser uma possibilidade a ser considerada não é mesmo?

Por outro lado o uso largamente difundido de anabolizantes continua sendo uma área muito promíscua das pseudo-terapias com produtos de ação hormonal esteroide. Nesse caso o problema é que a ambição do uso de análogos à testosterona visa modificar as potencialidades corporais, onde os esportistas e fisiculturistas empregam doses elevadas de androgênios, o que trouxe à público uma série de complicações e efeitos colaterais ligados a essa forma de emprego. Um dos escândalos do uso de esteroides anabolizantes diz respeito ao uso perverso dessas substâncias em atletas do sexo feminino da Alemanha Oriental, que ganharam muitas medalhas em esportes como a natação. …E transtornos sexuais para o resto de suas vidas (se acredita que mais de 9000 atletas da Alemanha Oriental usaram dopping, principalmente hormonal com seu ápice de medalhas em 1976 – 40 medalhas de ouro em Montreal – como documentado nesse artigo da Deutsche WelleLINK.)

Assim temos efeitos negativos por adição ao organismo dos esteroides como substâncias artificiais: identidade química e forma de emprego – e por outro lado recebemos notificações complicadas, mas talvez imprecisas: os hormônios e o apavorante tema do câncer.

Charles Huggins foi um dos primeiros a considerar a ligação entre testosterona e câncer de próstata. Embora tenha lhe rendido um Nobel de Medicina, seus estudos pioneiros seriam revisados mais tarde e comprovados serem “um pouco” precipitados em termos de conclusões. Mas suas equivocadas ideias se arraigaram irreversivelmente ao pensamento médico contemporâneo.

Não se discute a natureza óbvia dos cânceres hormônio-dependentes, mas isso pode ter estabelecido um entendimento médico (demasiadamente) inquestionável sobre a relação entre hormônios e o câncer.

Tanto no que diz respeito ao estradiol – relacionado com câncer de mama – e a testosterona – relacionada ao câncer de próstata, um aspecto singelo da reflexão foi eclipsado: não é sua simples presença que gera câncer. Adolescentes têm altas taxas desses hormônios e não costumam ter esse tipo de patologia. Homens bem mais velhos e com taxas hormonais bastantes reduzidas são os principais pacientes de tumores de próstata. Obviamente há algo a mais no contexto da ação desses esteroides no que diz respeito às doenças malignas. Mas essa simplificação exagerada estigmatizou esses onipresentes agentes hormonais. Quem está sempre presente sempre pode ser acusado de alguma coisa, porque não?

Mais extravagante ainda seria a eventual imputação da progesterona ao câncer. Leve-se em conta que a melhor demonstração antropológica pode conduzir qualquer mente – mesmo pouco agraciada com a perspicácia – uma inequívoca constatação: a gravidez, situação onde as taxas de progesterona sobem estratosfericamente, não pode ser um risco de doença fatal para qualquer espécie que queira se impor no mundo natural. Obviamente esse tipo de reflexão pode ser audacioso demais para muitos estudiosos, inúmeros experts de mídia que tentam também responsabilizar um hormônio tipicamente maturador (o oposto do câncer: células imaturas) ao surgimento de tumores malignos.

(De qualquer maneira a medicina utiliza no tratamento posterior ao diagnóstico do câncer de mama como medicamento mais standard um bloqueador específico de receptor de estrogênio, isso já deve ser uma informação valiosa – o tamoxifeno e produtos similares mais modernos são invariavelmente do tipo SERm – moduladores seletivos de receptores de estrogênio – ver artigo – o que nos leva a crer que é o estrogênio aquele realmente associado ao problema).

A ecologia tentou ajudar

Nos anos oitenta uma descoberta foi decisiva para dar um conhecimento fundamental à compreensão dos hormônios esteroides. Estudos de Ana Soto (4)  demonstraram de forma indiscutível como funcionaria a poluição ambiental na saúde hormonal. Sua descoberta de que substâncias que saíam de tampas de plásticos que faziam parte de seus tubos de ensaio contaminavam culturas de células de câncer de mama, provocando multiplicação inesperada.  Os nonilfenóis seriam os primeiros de um grupo heterogêneo de compostos químicos com ação estrogênica inequívoca, onde nomes difíceis como o bisfenol-A e dietilhexil ftalato, se somariam a um amplo conjunto de substâncias químicas que não apenas estariam na composição de produtos plásticos, mas participariam de agrotóxicos, produtos de toalete e perfumaria, detergentes, e uma infinidade de produtos tipicamente frutos do desenvolvimento pós-guerra.

Isso formaria um mosaico de fronteiras imprecisas que podem ficar sob a denominação dos DISRUPTORES HORMONAIS (ou endocrine disruptors). Derivados químicos que se comportam como hormônios, basicamente estradiol, afetam todos os seres vivos da cadeia alimentar, se armazenando nas gorduras dos mesmos. Apesar de muitos teóricos tentarem reduzir sua importância, advogando que a expressão química é fraca (nos Estados Unidos, obviamente), a sua persistência, virtualmente infinita produz problemas. Não faltam pesquisas sobre o tema. E ações também. Mas por algum motivo os governos do Canadá e Europeus não acreditaram nessa história de ação estrogênica fraca e PROIBIRAM mamadeiras de plástico ou brinquedos plásticos chineses. No mínimo uma questão de razoável bom senso: por que colocar a população em risco, aliás, um risco obviamente desnecessário.

A ação estrogênica de produtos agrotóxicos não seria acidental. “Estrogenizar” indivíduos de uma espécie poderia inviabilizar sua multiplicação. Uma típica ação de produtos que seriam utilizados como veneno. Não permitir reprodução é claro que mata uma praga. Desafortunadamente os sábios pesquisadores esqueceram-se de mensurar que tudo que consumiria a praga, ou os produtos “protegidos” contra essa praga poderiam perpetuar a ação esterilizante dessa substância química. E esqueceram que o estradiol é impressionante ativo, mesmo em discretíssimas, homeopáticas concentrações.

“Estrogenizar” o inimigo é uma das formas que certos membros do reino vegetal se utilizam para frear as populações de seus predadores. Chamados de fito estrógenos, essas substâncias não são de forma alguma dádivas da mãe natureza para reparar transtornos de mulheres com problemas hormonais. O excesso de fito estrogênios já foi reconhecido como um problema para reprodução de mamíferos, como aconteceu na doença do trevo(6). Os excessos de fito estrogênios presentes em produtos popularizados sob o massacre da mídia, como o extrato de soja (comercialmente chamado de leite de soja) não conseguiram mais sensibilizar os diretores de saúde no Reino Unido que já em 2004 praticamente proibiu a recomendação desse tipo de produto artificial como alimentação de crianças como prática pediátrica. A (potencial) feminização de meninos não seria um risco razoável a ser enfrentado. (7)

A ecologia nos deixou um legado muito importante: substâncias similares aos hormônios produzem efeitos semelhantes aos hormônios endógenos, mas podem produzir outros efeitos distintos e imponderáveis. Teoricamente qualquer substância com esse perfil bioquímico se encaixaria nessa definição. Ou a substância é quimicamente idêntica, ou é um disruptor em potencial. Infelizmente quase todos os medicamentos que compõe o arsenal dos tratamentos hormonais: anabolizantes, anticoncepcionais e os medicamentos das reposições hormonais tradicionais para a menopausa – podem cair nessa categoria. E sabemos que há problemas relacionados com esses tratamentos. Não seria permitido supor que essa pode ser uma boa justificativa – se tratarem também de disruptores hormonais?

Demonizando a gordura

O papel da gordura na fixação dos agentes poluidores não foi mais esquecido, mas não foi devidamente esclarecido. Esteroides e substâncias que imitam esteroides tem alta afinidade por gorduras. Culpar as gorduras por serem tóxicas por si só é uma clara demonstração de inconsistência de informações preliminares. A ignorância, o sofisma e o preconceito parecem estar permanentemente em associação. A gordura virou causa de câncer para experts com pressa demais para pensar no que estão dizendo.

Se algum deles vir à mídia e divulgar algo como: o câncer de mama pode estar relacionado à gordura, o que qualquer oráculo de bazar de 1,99 pode dizer e repetir. E por causa dos conceitos impregnados na sociedade é fácil dar fé a essa informação. Mas deve-se exigir que esse mesmo expert aprimore sua acuidade explicativa. Pode ser que alguns se lembrem que a poluição produzida pela indústria química que está envolvida com agrotóxicos, medicamentos e até produtos alimentícios podem impregnar a gordura (natural) que participa da cascata da teia natural da alimentação. (Lembremos que infinitas gerações de seres humanos lutaram para se nutrirem de gordura, na espécie humana, uma teoria evolutiva preconiza que a encefalização dos primatas que viriam a ser antepassados do homo sapiens foi possibilitada pelo consumo de gordura dos animais que caçavam ver LINK). Assim, não a gordura, mas aquilo que o homem estava a produzir – com especial afinidade pelas gorduras – acabou sendo uma provável causa do problema.

Claro que outros experts afirmam que a obesidade tem relação com o câncer de mama. É possível. A mesma relação que a obesidade pode ter com uma complexa teia de situações patológicas. Seja uma eventual resistência à insulina, uma falta de atividade física, o consumo prioritário de carboidratos, e naturalmente um inevitável estresse crônico que deve envolver essa pessoa. É bem possível que haja conexão dessa gama de situações com doenças graves e degenerativas como a diabetes, hipertensão, enfermidades psíquicas e mesmo um câncer. Poderíamos fazer um inventário de premissas e refletir sobre essa cadeia de eventos patológicos. Ou… culpar a gordura. Não é a verdade, mas economiza raciocínio.

Naturalmente, há uma questão a respeito do tecido adiposo com relação à formação de hormônios. O tecido gorduroso pode aumentar a disponibilidade de aromatase – a enzima que converte androgênios em estrogênios (tanto estrona com estradiol). Pode fazer diferença na situação de predominância estrogênica (termo criado pelo médico John R Lee, que imputa um desbalanço de forças entre os estrogênios e seus antagonistas fisiológicos, a favor dos estrogênios. Essa condição é considerada controversa, mas seus princípios são compreensíveis, e merecem uma discussão qualificada).

Questões sobre os exames laboratoriais

Uma particularidade dos esteroides é de fato serem derivados do colesterol. Isso trouxe uma dificuldade importante num dos pilares de controle de uma substância de potencial uso medicamentoso: a precisão das dosagens de sangue.

Porque isso ocorre? Pelo fato do sangue ser hidrofílico, e como se sabe água e gordura não combinam. Os esteroides têm base lipídica e não podem ser transportados na forma ativa pelo sangue. Quando se mede, por exemplo, a progesterona no soro sanguíneo, basicamente se mede a fração hormonal sem atividade fisiológica. Isso vale para todos os esteroides. A fração percebida nos exames de sangue está associada a proteínas, que carregam esses hormônios. São conhecidas como lipoproteína, e algumas abreviaturas são bem populares: LDL e HDL, pois carregam também o colesterol (do fígado para os tecidos, e vice-e-versa). Tanto isso é verdade, que quando queremos medir a testosterona, o exame mais fiel seria a dosagem de testosterona livre e biodisponível, que é resultado de um cálculo e não de uma medida direta, que precisa da medida de SHBG e albumina, além da testosterona total – como mostrado nesse CALCULADOR ONLINE. Só a fração livre de testosterona tem atividade biológica. É claro que temos ter conhecimento de questões circadianas. (Uma discussão sobre a exatidão dos exames desse hormônio pode ser vista nesse LINK). Por exemplo a testosterona mesmo tem pico pela manhã. Os esteroides femininos também dependem do ciclo menstrual, e podem ter valores diferentes quase que diariamente.

Para se ter uma ideia mais precisa das taxas hormonais podem ser necessários exames mais acurados. Na prática laboratorial disponível uma alternativa disponível é o exame salivar de esteroides livres. Há vários estudos sobre essa técnica laboratorial. É considerado um método mais interessante por não ser invasivo e paciente poder fazer coleta em casa sem grandes dificuldades. É contudo considerado um método ainda a ser referendado. Um estudo, por exemplo, mostrou sua acurácia para diagnóstico da Síndrome de Cushing, onde a precisão das medidas do cortisol é fundamental para diagnóstico(9). Há laboratórios na Brasil perfeitamente aparelhados para fazer esse exame, com regulamentação pelos órgãos oficiais de regulamentação dessa atividade.

(Um dos pesquisadores com mais tempo  de atuação nesse campo é o Dr. David Zava, tem vários artigos publicados LINK).

Os hormônios como terapêutica

Em busca da homeostase hormonal – Ambição plausível?

Bem, considerando tudo o que já foi visto, não é muito difícil imaginar como o manejo dos hormônios como forma de tratamento ganhou uma configuração sujeita a controvérsias.

Há muitos mal entendidos no meio do caminho.

Para um médico americano, John R Lee, houve a percepção de que o problema estaria em vários momentos de um tratamento hormonal, o que o levou a por em prática uma proposta terapêutica peculiar, mas com ambições de ser o mais fidedigna possível com a fisiologia: o uso de progesterona – prioritariamente – para os transtornos da menopausa. Com o cuidado de ser a progesterona mesmo. Quando pesquisamos na internet sobre a progesterona nos deparamos com frequência com um termo tendencioso: progestinas. A progesterona não é um grupo de hormônios! É um hormônio singular. Tem uma fórmula única, e nada que não tenha esta fórmula química pode levar o seu nome (C21H30O2). O termo progestina deve ser reservado a tudo aquilo que se comporta de forma aproximada à progesterona endógena, mas que de forma alguma faz exatamente a mesma coisa, de acordo com os princípios do conhecimento dos disruptores endócrinos, já citados. Dessa forma não existem de forma alguma dispositivos uterinos que liberem progesterona, apenas progestinas.

Como a confusão já estava feita, ele traz a tona o termo hormônio natural (ou idêntico ao natural, ou ainda isomolecular, ou em inglês bioidentical, no Brasil o termo equivalente em português teve seu emprego vedado, pois a progesterona micronizada USP já era de fato disponível para terapêutica e não parece precisar de adjetivação distintiva, como por exemplo o Utrogestan ®, de uso comercial ou aquela disponível para formulações de manipulação – um artigo da Escola de Medicina de Harvard sobre essa discussão nesse link 10), que indiferentemente das fontes de origem e produção, deve cumprir uma exigência inegociável: exatidão química com os hormônios endógenos.

Isso pode parecer uma redundância, mas como ficou muito difundido que o uso de hormônios se aplica ao tratamento com quaisquer substâncias que se comportem de forma semelhante (aos hormônios reais é claro), essa nova adjetivação reduziria as substâncias a um grupo de poucos atores. Todos mensuráveis em seres humanos saudáveis, mesmo aqueles que, naturalmente, não fazem uso de quaisquer hormônios.

Isso se aplica especialmente a alguns medicamentos que não tem como ser medidos normalmente em seres humanos. A tibolona(7), muito utilizada sob o conceito tradicional de reposição hormonal, não se trata de uma substância mensurável em um ser humano saudável. Podemos inferir que o que não está em falta nada pode repor. (A tibolona é uma substância que se transforma em metabólitos ativos estrogênicos, e também progesterônicos e mesmo androgênicos, conforme informação de seu fabricante).

O Dr. John Lee configurou as várias premissas de um tratamento hormonal. Um conceito muito importante é a noção de equilíbrio dinâmico: os hormônios não são peças estáticas, e estabelecem relação de ajuste mútuo, pois eles se contrapõem entre si. Os esteroides estão numa mesma linha de produção. Podem ser parcialmente intercambiáveis, mas sempre podem chegar ao final da linha de produção como… estrogênios. Isso explica, por exemplo, porque alguns tratamentos com altas doses de androgênios poderiam levar à ginecomastia (crescimento de mamas) em homens. A aromatase transforma androgênios em estrogênios como mostra o gráfico a seguir:

Usar as menores doses necessárias, observando as características químicas das substâncias produzidas pelo organismo, e levando em conta a perspectiva da busca da homeostase, perseguindo formas de administração que deem mais similitude aos processos fisiológicos, vai compor esse novo modelo de terapêutica hormonal. (Que tem recebido várias denominações no meio médico, inclusive terapia de hormônios naturais, modulação hormonal etc.) Nesse aspecto a forma como os hormônios são empregados é tão importante quanto a possibilidade de se manter um acompanhamento laboratorial adequado (de acordo com a discussão feita anteriormente). Já no que diz respeito da forma de emprego, o uso de gel ou creme transdérmico tem sido o pilar fundamental dessa terapêutica, embora existam formas de soluções ou pastilhas sublinguais alternativas para o uso pela via oral, e ainda, é claro, as formas intravaginais. De fato já há produtos comerciais que seguem essas diretrizes como fórmulas com estradiol e com testosterona em veículo de gel para uso transdérmico. As outras formas de uso seriam excepcionais. Deve-se considerar ainda no ideal de homeostase a compreensão de um conjunto de estímulos hormonais ambientais e alimentares que podem pressionar o organismo em relação à presença de imitadores estrogênicos, que ficam ativos no organismo. (Essa situação fica sob o princípio de Predominância Estrogênica já citado. No livro “O futuro roubado”, da editora LPM, embora não seja utilizado esse termo o conceito fica bastante demonstrável.)

Quem pode precisar de hormônios:

 

– Síndrome sintomática da menopausa (inclui calorões, secura vaginal, falta de libido, etc.)

– Portadoras de endometriose;

– Sintomas ligados ao fluxo menstrual (TPM, alteração de ciclo, fluxo excessivo, dor de cabeça, etc);

– Sintomas de homens maduros, na condição que muitos chamam de andropausa;

– Possível suporte ao tratamento de condições relacionadas ao estresse crônico;

– Possível suporte ao tratamento de certos problemas típicos da terceira idade;

– Possível suporte ao tratamento de alguns transtornos psicoemocionais;

– E outras mais, de acordo com avaliação clínica.

Polêmicas sobre tratamentos naturais, convencionais etc.

 

Os chamados tratamentos naturais para menopausa são feitos normalmente com substâncias fitoterápicas, que podem ter ação relativamente benéfica no controle alguns sintomas. De um modo geral seus benefícios são parciais e transitórios. Quando imaginamos que a progesterona possa ser de fato a primeira escolha em início de tratamento, o uso de substâncias que se comportam como estrogênio, parece ser um equívoco: o uso de substâncias como as populares isoflavonas podem até mesmo ampliar o status de Predominância Estrogênica, e vir até mesmo a potencializar situações ligadas a essa condição. O emprego dos hormônios propriamente ditos, que apesar de vir do meio externo, cumpre, sem qualquer detalhe distinto, a fisiologia própria do corpo humano. Os tratamentos convencionais podem ter como problema a questão das diferenças químicas com os hormônios endógenos, impondo ao organismo reações já reconhecidas e estudadas no campo do disruptores hormonais.

Observações:

Um dos efeitos práticos do estudo dos disruptores hormonais foi o surgimento no mercado de mamadeiras “BPA free” no Brasil, pois em 01/01/2012 a ANVISA proibiu sua fabricação e comercialização. BPA é abreviatura de Bisfenol-A, substância que era usada no plástico empregado na fabricação das mamadeiras e que poderia ser liberada ao conteúdo da alimentação infantil e prejudicar o desenvolvimento e saúde das crianças. O BPA é um disruptor hormonal e atua como estrogênio (Nesse LINK uma reportagem da revista Veja sobre a questão).

Referências, além dos links diretos no próprio texto:

(1)  Laboratório Schering AG, por Hans Herloff Inhoffen e Walter Hohlweg;

(2)  O PRE(gnant)MA(re)(u)RIN – tem 50% de estrona, que  será metabolizado em estradiol no corpo humano, mais 15 a 25% de equilin, além de um percentual menor de equilenin;

(3)  A primeira fase da terapia de reposição seria chamada de TRE. ou Terapia de Reposição de Estrogênio, mas foi modificada com o uso da progestina artificialmedroxiprogesterona, ficando com a denominação de TRH, essa modificação teria por objetivo proteger o útero do câncer de endométrio, que ocorria comoconseqüência do excesso de estímulo do uso isolado do estrogênio;

(4)  Ver livro “O Futuro Roubado”, editora LP&M;

(5)  Artigo original publicado no jornal médico New England Journal of Medicine, (texto em inglês) ver link: http://content.nejm.org/cgi/content/short/360/6/573

(6)   Austrália, 1940, substância ativa fermononetin, um tipo de isoflavona;

(7)   Recomendação do Ministério da Saúde publicada no CMO’s Update 37, de janeiro de 2004, Reino Unido;

(8)   Tibolona é comercializada no Brasil sob vários nomes comerciais.

(9) Análise crítica do cortisol salivar na avaliação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (LINK) Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabolismo;

(10)Artigo da escola de medicina de Harvard sobre o tema: LINK

Compilação feita por José Carlos Brasil Peixoto, médico”

E mais ESTE, cujo original encontra-se em: https://www.facebook.com/labvitrus2/posts/547978931929265

“Dr. José Carlos Brasil Peixoto
Introdução

Um dos temas mais palpitantes da atualidade diz respeito aos tratamentos hormonais.

Esse tema aparece na grande mídia sob denominações tais como: terapia de reposição hormonal ou TRH, problemas da menopausa, ou andropausa. Todos esse termos, quando olhados a luz de singelos conhecimentos de fisiologia são equivocados.

A expressão TRH, é um grande fiasco, uma vez que a estratégia utilizada não é a de repor os hormônios que eventualmente faltam, e normalmente incorre no uso de identidades fisiológicas hormonais equivocadas.

Os transtornos da menopausa induzem a idéias equivocadas, uma vez que a menopausa em si não seria um problema, nem mesmo a explicação para um conjunto de sintomas que transtornam a vida de mulheres que estão ao redor do 45 anos.

Finalmente, o termo andropausa é profundamente equivocado, uma vez que a sintomatologia de homens após os 50 anos, não é fruto de uma mudança radical de taxas hormonais, mas de fato, da proeminência de problemas relacionados com o avançar da idade, com prejuízo da performance íntima, transtornos da próstata, e do contínuo declínio da testosterona, que a partir de um certo nível pode dar início a uma série de incômodos ou enfermidades.

Todas essas situações foram estudadas dedicadamente pelo médico John R Lee, que antes morrer deixou a semente de um conceito único: transtornos derivados do desequilíbrio hormonal.

Um equilibrio entre os hormônios
Na sua visão de vanguarda ele introduz o conceito de equilíbrio de taxas hormonais. Para a maioria dos médicos essa noção é difícil de ser assimilada. Não há exatamente um hormônio que precise de reposição. É necessário que se estabeleça um perfil hormonal, por um método que realmente informe ao paciente e ao médico as reais taxas de hormônios em ação no organismo. De um modo geral as taxas vistas no sangue são pouco ou nada fidedignas. A melhor maneira de verificar hormônios esteróides é pela saliva. As dosagens no sangue são representativas da parcela hormonal presa a lipo-proteínas, portanto em qualidade não ativa. Isso faz parte de uma necessidade prática da fisiologia hormonal. Substância lipofílicas (afinadas com gordura) precisam de “ajuda”para andar num meio hidrofílico (o soro sangüíneo é um veículo aquoso).

Os hormônios esteróides compõe um grupo de substâncias que mostra a fundamental importância do colesterol no corpo humano.

Esteróide é o nome de substâncias derivadas do colesterol. Sem colesterol, sem esteróides!

Os hormônios esteróides são substâncias de afinidade lipídica – isso mesmo: gostam de tecido gorduroso. Essa afinidade vai ser fundamental para que seja exercida sua ação mais relevante: entrar no núcleo celular e introduzir um conjunto de comandos que vai modificar a ação dos genes da célula, induzindo, por exemplo, à multiplicação, ao aumento de volume, à maturação ou ao exercício de quaisquer outras funções metabólicas . Somente substâncias com afinidade por tecido gorduroso têm esse poder. Falar mal gratuitamente de gorduras corporais pode ser um grosseiro erro de compreensão de fisiologia (ou a expressão de outros interesses pouco lisonjeiros).
Os personagens
Mas o que importa é que os hormônios esteróides – Progesterona, Androgênios (Testosterona, DHEA, androstenediona), Estrogênios (E1 – estrona, E2 – estradiol , E3 – estriol), Glicocorticóides, e Aldosterona se movem na corrente sangüínea presos a proteínas carreadoras: lipo proteínas, tipo o HDL, o LDL etc.

Não há problema algum em ser carregado para a execução de funções tão relevantes por nobres transportadores. Apesar da má fama, essas substâncias apenas cumprem ordens. Culpar o colesterol, ou seus carregadores de causar dano grave aos tecidos, é como culpar soldados das ordens que estão cumprindo, ou culpar testemunhas dos crimes que poderiam presenciar ou os bombeiros dos incêndios que eles estão próximos ou atuantes…

O entendimento da noção de equilíbrio nos informa que as taxas absolutas desses personagens é muito menos relevante do que a relação que eles possam estabelecer entre si. Para John R Lee os quocientes são mais importantes. Eles informam a direção da força resultante da ação conjunta dos esteróides:

Progesterona/Estradiol (Pg/E2)

Testosterona/Estradiol (T/E2)

A observação de milhares de pacientes em mais de 20 anos de atuação, contando com as pesquisas em dosagens hormonais do Dr. David Zava e seus colaboradores, permitiu que se chegasse a elaboração de uma premissa funcional: Predominância Estrogênica, que explicamos a seguir.
A necessidade de forças antagônicas em equilíbrio!
A predominância estrogênica ocorre quando existe a ação marcante num individuo de hormônios do tipo estrogênio, representado basicamente pelo estradiol (E2) em relação aos seus hormônios antagônicos, via de regra a progesterona e a testosterona.

Antagônicas são as ações que em situação de equilíbrio fornecem o adequado funcionamento fisiológico de um organismo. Via de regra o corpo humano, como todas as formas biológicas, chegam a um estado de equilíbrio com a ação continua, dinâmica de forças que se antagonizam a todo o momento.
Um exemplo das forças antagônicas em ação é o ciclo menstrual. Num primeiro momento é fundamental a ação proliferante dos estrogênios sobre a mucosa do útero para que a camada interna, que descamou no sangramento da menstruação, seja refeita em uma nova tentativa de deixar o útero pronto para uma eventual gestação.
Mas a ação proliferante não pode ser infinita. A multiplicação celular é interrompida pela ação transformadora da progesterona, que inibe essa multiplicação com a finalidade de maturar a células, qualificando-as para o recebimento de um óvulo fecundado.

Em meio a esse processo temos a ação de hormônios que vêm da hipófise, como o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). O primeiro estimula no ovário um folículo para sua maturação e liberação de um óvulo. Mais ou menos no meio do ciclo, esse folículo libera um óvulo. O resíduo do folículo forma um órgão transitório, o corpo amarelo, que é um dos maiores produtores de progesterona no corpo feminino.
A presença de quantias adequadas de progesterona na segunda fase do ciclo menstrual retorna ao cérebro, na região que controla o funcionamento da hipófise, que é o hipotálamo.

Sim, existe três níveis de controles hormonais, e eles trabalham num esquema de retro-alimentação. Taxas maiores ou menores de hormônios disponíveis no organismo regulam a liberação ou redução de taxas hormonais. essas são as forças antagônicas em um maravilhoso e bem bolado projeto de funcionamento da natureza!
O hipotálamo, uma vez informado, por taxas aumentadas de progesterona, que parte do processo reprodutivo está funcionando adequadamente, diminui a produção do fator liberador de gonadotrofinas para a hipófise, que por sua vez reduz a liberação do FSH…

Por isso as mulheres que não ovulam, e marcadamente as mulheres no climatério (e após a menopausa) têm, geralmente, altas taxas de FSH.
Predominância estrogência
Na situação de predomínio estrogênico esse conjunto de forças é corrompido. Habitualmente as pessoas dos meios urbanos tem o equilíbrio hormonal prejudicado por um conjunto de fatores:

1. Agentes do meio ambiente: o mundo moderno colocou em contato com as pessoas uma quantia incerta de substâncias que se comportam como hormônios fracos, denominados de xenoestrogênios. A maioria dessas substâncias vem de produtos derivados da indústria petroquímica. Os plásticos ocupam o primeiro lugar nessa lista pela continuidade de nossa exposição à eles. Também são importantes os pesticidas e agrotóxicos em geral.

2. Hormônios utilizados na criação de animais, especialmente o gado confinado e as aves de granja de escala industrial.

3. Utilização de substâncias estrogênicas para fins médicos, pílulas anticoncepcionais e medicamentos de reposição hormonal à base de etinil estradiol e assemelhados.

4. O stress pode induzir a uma série de problemas hormonais, uma vez que o cortisol é um hormônio que faz parte de rede de transformação dos hormônios esteróides.

5. Equívocos alimentares, principalmente o uso de açúcar, farináceos não integrais, e os carbohidratos de modo geral.

6. Fitoestrogênios impróprios para o consumo humano, principalmente as isoflavonas da soja, naqueles derivados não fermentados, ou seja: aqueles mais utilizados na sociedade de consumo, leite de soja, fórmulas infantis com soja, lecitina de soja, carne de soja etc… ( o processo de fermentação transforma a genisitina em genisteína, além de reduzir reduzir a ação dos anti-nutrientes ácido fítico e inibidores da tripsina – exemplos: tofu e missô).

É importante salientar que a predominância estrogênica não depende de uma taxa alta, normal ou baixa de estradiol. Depende do equilíbrio que esse hormônio têm com os demais, principalmente a progesterona e a testosterona.
Interferência na saúde da mulher:
Na saúde da mulher nós temos os seguintes problemas ligados a um falta de equilíbrio hormonal:

Síndrome do climatério sintomático – conjunto de sintomas que têm na menopausa o evento mais marcante e ao mesmo tempo o menos relevante no que diz respeito às causa dos problemas que estão acontecendo…

Síndrome de ovários policísticos – onde temos um conjunto de sintomas relacionados a ausência de ciclos ovulatórios, acnes e espinhas, principalmente na face, cólicas no fluxo menstrual entre outros sintomas.
Síndrome dos transtornos relacionados com o fluxo menstrual – a denominação TPM é demasiadamente imprecisa e não deveria ser utilizada pois leva a um entendimento equivocado e perverso de que a menstruação é a causa de problemas na saúde feminina. Na verdade a menstruação é apenas um marco do processo fisiológico natural. Os sintomas ao redor do fluxo são originados de um processo de desequilíbrio de forças hormonais que favorecem às oscilações de humor, dores de cabeça, cólicas etc.

Miomas – o crescimento anormal de massas de tecidos muscular no corpo do útero, que geralmente se manifesta em torno de dez anos antes do climatério, já é uma expressão da predominância estrogênica que precisa ser reparada a tempo de evitar problemas potencialmente mais graves, que progredirão na medida em que o desequilíbrio não for corrigido. O aumento demasiado da massa do mioma ou o aparecimento de inúmeros miomas em uma localização que proporcione quadros hemorrágicos poderão ser intratáveis com hormônios naturais, levando inexoravelmente à cirurgia.

Endometriose – é um quadro de intenso desconforto abdominal, originado pela presença de ilhotas de mucosa do endométrio ( a camada interna do útero ) junto a porções internas do abdômen, muitas vezes presas aos ovários, trompas, e no peritônio (membrana que cobre todos os órgãos do abdômen). É causa comum de infertilidade, e está cada vez mais comum.

Câncer – o câncer de mama é o pior de todos os quadros possíveis de um desequilíbrio hormonal do tipo predominância estrogênica. Os estudos mais sérios acusam o estradiol e seus assemelhados industriais (etinil estradiol, o mais comum) como o grande causador de câncer de mama, e também de endométrio.
Interferência na saúde do homem (a modulação hormonal masculina)
Quando falamos em equilíbrio hormonal masculino estamos falando principalmente da saúde da próstata.

Ultimamente um termo têm se tornado muito comum: andropausa. Como o consumo de hormônios para os homens aumentou drasticamente no Estados Unidos, é perfeitamente imaginável que essa moda venha para o Brasil.

O termo andropausa é terrivelmente impreciso e nunca deveria ser utilizado. Se o propósito é uma comparação com a mulher, que tem um marco de vida no final dos seus ciclos menstruais, comparável ao início da adolescência com a primeira menstruação (menarca) ou com a primeira ejaculação no garoto, com o sentido de que a uma nova fase da vida está se iniciando, e que poderá exigir novas posturas de vida, talvez até fosse aceitável.

No entanto a comparação traz a tona uma série de premissas erradas a respeito do funcionamento das forças hormonais, onde normalmente se acusa os personagens naturais como culpados de algum sofrimento. Da forma como trasformamos a idéia subjacente ao termo menopausa, a conotação mais popular é um sinônimo de doença e perdas.
A queda dos hormônios masculinos acontece progressivamente ao longo da vida do homem, principalmente após os 40 anos, quando ocorre em um taxa de 1,0 % ao ano.

A idéia central de uma eventual reposição hormonal para os homens passa por uma lógica tremendamente óbvia, tão óbvia que é esquecida – só se pode empregar hormônios para pessoas que tenham falta comprovada dos mesmos, o que pode ser facilmente aferido por exames salivares de esteróides, e somente esses exames. E sendo necessário o uso de hormônios que só se empregue hormônios idênticos, sem nenhum átomo a mais, um mísero átomo a mais do que os hormônios humanos, o significa o emprego restrito de hormônios bio idênticos.

A próstata é o órgão que mais pode se beneficiar com um tratamento de compensação de taxas hormonais. É muito sensível a uma predominância de ação de estrogênios. Os estudos mais criteriosos mostram que a próstata cresce em ambientes estrogênicos.

O PSA pode ter pouca importância como indicador de perigo para a saúde do homem. Na verdade segundo o dr. John Lee, o PSA se eleva na tentativa de prevenir o aumento da glândula. É mais um policial sendo acusado de um crime. Quando o PSA se eleva já temos uma falta relativa ou absoluta de testosterona e de progesterona no homem. A progesterona é de especial importância, pois além de ser um potente anti estrogênico é também inibidor da transformação da testosterona em um derivado que pode ser um dos agentes do crescimento e do câncer de próstata, a 5-dihidro-testosterona (5DHT).

Os estudos que acusaram a testosterona de ser a causa do câncer e dos crescimentos prostáticos (hipertrofia e hiperplasia benigna da próstata) do pioneiro Charles Huggins são hoje drasticamente contrariados por noções mais precisas da fisiologia humana e pela existência de formas mais acuradas de medir hormônios. (Nos tempos daquele pesquisador só haviam exames de sangue, que como já foi dito, são imprecisos, e não deveriam ser levados em conta).

Assim, resumidamente podemos dizer que já um método seguro de compensação hormonal para os homens, ou como gostam alguns – reposição hormonal masculina. Há critérios precisos, exames confiáveis, e substâncias bio idênticas – a testosterona e a progesterona para uso masculino. As doses são bastante pequenas, principalmente da testosterona, que pode ser muito cheia de efeitos co-laterais se utilizadas nas doses exageradamente altas que habitualmente são prescritas nas formulações sintéticas de uso mais comum, algumas vezes cem vezes maiores que as fisiológicas!

Obs.: O livro “Hormone Balance for Men” (Equilíbrio hormonal para homens) já foi traduzido e em breve, espero, estará disponível para o público interessado. Se trata de um texto de conteúdo riquíssimo, inédito, como normalmente são os livros do brilhante médico John R. Lee”.

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