Água: Importante e esquecida

Guia completo sobre ÁGUA, com a participação do Dr. Alain Dutra – assista para esclarecer todas as suas dúvidas e adotar corretamente esse hábito de vida fundamental em sua rotina. Por que tomar água regularmente, como tomá-la corretamente, qualidade da água, mitos e verdades mais comuns, e dezenas de perguntas respondidas.

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TUDO SOBRE ÁGUA SAIBA MAIS

Há cerca de 8 anos, atendi no HFA uma senhorita dos seus “quase” 30 anos, com uma queixa bastante comum: cefaleia (dor de cabeça). A paciente relatava que já havia passado por otorrinolaringologista, oftalmologista, neurologista, clínico e até endocrinologista, com as prescrições dos mais diversos tratamentos e a presunção de várias hipóteses diagnósticas, sem qualquer melhora, entretanto. Durante sua consulta, entre as várias perguntas habituais, questionei acerca do quanto de água ela ingeria por dia e de que forma (ou seja, com qual periodicidade). Esta senhorita me referiu que ingeria pouca água diariamente e, sobretudo, à noite, porque “não sentia sede”. Após mais algumas perguntas e um exame físico praticamente sem alterações, suspendi as medicações para enxaqueca e cefaleia em geral que a paciente estava tomando e disse-lhe que ela apenas precisava tomar água adequadamente. Um tanto quanto descrente, após um pouco de conversa, ela voltou para casa.

Após apenas uma semana, retornou referindo que não sentia mais qualquer dor de cabeça, que seu intestino funcionava melhor e que até sua disposição havia melhorado… Milagre? Não. Bom senso. Casos como este são bastante comuns, e quando a cura não depende da simples mudança ou adequação de hábitos em nossas vidas, pelo menos algum grau de melhora está envolvido. Todos sabemos o quanto é importante uma ingestão adequada de água diariamente, mas quase sempre negligenciamos a devida atenção que deveria ser dada a ela.

Para mostrar o quanto é fácil convencer-se dos inúmeros benefícios da ingestão de água adequada e de como fazê-la, basta observar que todos os dados fornecidos no texto a seguir foram obtidos pesquisando as palavras ‘água’, ‘importância’ e ‘saúde’, simultaneamente, no site de busca Yahoo! Brasil. Isso resultou em 40.103 referências sobre o assunto! Sendo assim, não há como justificar a falta de informação com falta de tempo, não saber onde encontrá-la, dificuldade de acesso…”

Todos os organismos vivos apresentam de 50 a 90% de água em si. O próprio corpo humano é constituído por 70% de água, que, em constante movimento, hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas e repõe energia, entre inúmeras outras utilidades. Em constante renovação, um indivíduo adulto perde, em condições normais, uma média de 2,5 litros de água por dia (cerca de 800 ml pela expiração e urina, 1,2 litros pela transpiração e 0,6 litros pelas evacuações fecais). Sendo assim, um adulto normal deveria beber pelo menos esses dois litros e meio diariamente para evitar a desidratação.

Há quem pense que nunca esteve desidratado. A quem posso afirmar que a desidratação ocorre todos os dias, por várias vezes. Isto acontece porque todos os processos mencionados (produção de urina, transpiração e produção de fezes/urina) estão constantemente ocorrendo, o que torna a perda de água uma condição igualmente constante. Para se ter uma ideia, quando uma pessoa sente sede, a água já está “em falta” no seu organismo há algum tempo. Isso ocorre porque o corpo possui mecanismos para reduzir a perda de água, como diminuir a produção de urina, desidratar as fezes, reduzir a transpiração e até “roubar” água da respiração para preservar seus níveis de hidratação. Quando a sede se manifesta, o organismo está, na verdade, mostrando que seus reservatórios de água estão com níveis baixos e que não está mais conseguindo compensar as perdas de água. Portanto, a ingestão de água deve ser independente da sede, constante e rigorosa.

Recomenda-se um mínimo de 01 copo de 200 ml de água por hora enquanto estiver acordado.

E não adianta deixar para tomar os 2 a 3 litros necessários diariamente de uma só vez. Estudos mostram que o estômago é capaz de acomodar apenas 12 ml/kg/hora de líquidos, ou seja, um adulto não conseguirá ingerir mais do que 1 litro de líquido de uma só vez sem passar mal. Além disso, é importante ressaltar que, se houver excesso de líquido no corpo, a produção de urina aumenta proporcionalmente.

Aviso de Aplicativo

Se você tem dificuldade em lembrar de beber água durante o dia, recomendamos que sempre carregue uma garrafa de água por perto para facilitar o acesso. Além disso, você pode explorar aplicativos disponíveis na loja do seu celular, como “Lembrete de Água”, que oferecem notificações e lembretes personalizados para beber água regularmente. Estabelecer uma rotina de consumo de água, definindo metas e horários específicos para beber, também pode ser útil.

Se o leitor ainda não está convencido de que deve tomar seus 3 litros de água diariamente, basta observar que a desidratação diária ocasiona:

  • Desvitalização dos cabelos, levando à sua queda e “embranquecimento”;
  • Descamação do couro cabeludo;
  • Distúrbios de concentração, sono e memória, com perda da disposição para realizar as atividades diárias, em virtude da circulação cerebral prejudicada (uma baixa quantidade de água faz o sangue ficar mais “viscoso” e “grosso”, de circulação mais lenta);
  • Ressecamento dos olhos e tecidos das vias aéreas que, com baixa umidade, sofrem lesões com mais facilidade por ficarem mais frágeis, tornando-se assim mais propensos a inflamações ou infecções (conjuntivites, sinusites, bronquites, pneumonias);
  • Lesões de pele e sangramentos, com o aparecimento de “cravos” e “espinhas” pela não eliminação adequada de toxinas via pele e seu acúmulo local;
  • Queda e enfraquecimento dos pelos;
  • Baixa produção de saliva, levando à sensação de boca seca;
  • Distúrbio no aproveitamento adequado de vitaminas e sais minerais, com excesso em alguns lugares e falta em outros, levando a cãibras, dormências, perda de força muscular e problemas ósseos, dentais, etc.;
  • Respiração dificultada, por vezes levando à falta de ar, sobretudo durante exercícios físicos;
  • Constipação e, por vezes, sangramento retal (devido a fezes ressecadas, endurecidas, que lesam o tecido intestinal ao se moverem em seu interior);
  • Cefaleias (pela menor chegada de sangue no cérebro e pela retenção de toxinas não eliminadas adequadamente devido à baixa transpiração e produção de urina/fezes);
  • Impotência ou disfunções eréteis ou, no caso das mulheres, sangramentos vaginais.

É certo que há água nos alimentos, mesmo os sólidos, mas a complementação da ingestão diária de água deve ser feita periodicamente, conforme já exposto. Uma forma prática de verificar se a quantidade adequada de água para o seu corpo está sendo consumida é observar a coloração da urina, que deve ser sempre incolor. Quanto mais intensa a cor, geralmente, mais concentrada está a urina, o que significa que há menos água em relação ao que está sendo eliminado.

Vale lembrar que é sempre bom evitar bebidas alcoólicas e bebidas não naturais (refrigerantes, colas, etc.). Tanto o álcool (presente em vinhos, cervejas, etc.) quanto a cafeína (presente em refrigerantes de cola, café, etc.) são diuréticos. Embora possam auxiliar na eliminação de resíduos metabólicos pelos rins (formados durante o trabalho muscular e processos de desintoxicação e filtragem), eles também fazem com que os rins eliminem água e sais minerais que deveriam ser retidos para compensar a desidratação. Portanto, a dica é intercalar sempre o consumo dessas substâncias, quando ocorrer, com uma quantidade adequada de água ou sucos naturais.

É igualmente importante ressaltar que a ingestão de líquidos deve ser feita com pelo menos meia hora de intervalo em relação às refeições, a fim de não prejudicar a digestão.

Uma curiosidade: Há trabalhos científicos evidenciando que muitos tratamentos com medicações orais, sobretudo anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal e anti-hipertensivos não alcançam o devido sucesso em virtude da baixa ingestão de água por parte do paciente. Isso ocorre devido tanto à má circulação da substância pelo corpo quanto à má absorção da mesma no intestino, um processo que depende da água como veículo de transporte para a substância.

Levando em consideração a realidade específica da nossa comunidade, seguem três comentários adicionais:

  1. Aos hipertensos: O rim tem papel fundamental no controle da pressão sanguínea e é o único órgão do corpo que pode deixar de receber sangue caso haja desidratação considerável. Sendo assim, é especialmente importante a ingestão adequada de água para os portadores de pressão alta.
  2. Os aparelhos de ar-condicionado desidratam ainda mais o ambiente, sobretudo as vias aéreas, tornando consideravelmente maior e mandatória a reposição de água frequente.
  3. Uma adequada ingestão de água, associada a uma dieta regular (5 a 6 refeições por dia) rica em fibras e exercícios físicos regulares, é tudo o que qualquer pessoa precisa para perder peso e/ou manter-se no seu peso ideal.

Artigo escrito por Ícaro Alves de Alcântara, médico; atua em Clínica Geral, Homeopatia, Estética e Ortomolecular; professor da disciplina de Fisiologia da Mulher na pós-graduação de Fisioterapia em Saúde da Mulher no Unicetrex; ex-docente de Semiologia, Patologia e Clínica Médica para os graduandos em Fisioterapia do UniCeub

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