Por Dr. Tsutomu Higashi – médico ortomolecular e mestre em Ciência da Longevidade – Site: https://www.drhigashi.com.br/
A pregnenolona é um abundante hormônio cerebral que pode ajudar no processo da memória e é precursora (formadora) da maioria dos hormônios esteroidais (sexuais e adrenais).
Além de sua função de precursora dos nossos principais hormônios sexuais e adrenais, a pregnenolona tem função de neurotransmissor e estímulo da neurogênese (formação de novos neurônios), comprovados em estudos em animais, pois, ao contrário do que os neurocientistas antigos afirmavam, o cérebro é capaz de formar neurônios novos.
A pregnenolona é o hormônio mais importante do corpo humano, pois, de acordo com a fisiologia e a bioquímica humanas, ela é uma molécula fundamental para a formação de hormônios essenciais à vida saudável do adulto. É responsável pela formação do estradiol, da progesterona, do DHEA (dehidroepiandrosterona) e da testosterona. Também existe em abundância nas mitocôndrias de células nervosas e da glândula suprarrenal (adrenal). Como a maioria dos hormônios anabólicos (formadores de tecidos), começa a declinar após os 30 anos de idade.
Para compreendermos a história da pregnenolona, devemos voltar à década de 1940, época marcada pela descoberta da síntese de moléculas hormonais esteroides, incluindo a pregnenolona. Após sua síntese, em 1940, os primeiros estudos clínicos demonstraram que a pregnenolona tem a capacidade de reduzir a fadiga, dores inflamatórias, estresse e aumentar a concentração.
Em 1950, Dr. Edward Anderson – um renomado neurofisiologista – publicou no Jornal de Endocrinologia a seguinte frase: “A pregnenolona parece ter nítidos benefícios e merece a atenção do meio médico, além de não terem sido evidenciados nenhum efeito adverso na fisiologia endócrina, e sua ação mostrou-se promissora no tratamento das doenças correlacionadas ao processo de envelhecimento”.
Duas constatações: sem colesterol, não há hormônios esteroidais; a pregnenolona é precursora dos mais importantes hormônios do corpo humano.
Misteriosamente, logo após este artigo, cessaram as pesquisas sobre a pregnenolona. Por quê? A resposta é simples: a lei da patente não permite exclusividade de comercialização de moléculas idênticas ao organismo humano. A pregnenolona é uma molécula difícil de ser modificada para ser comercializada como molécula diferente da sua forma original no organismo.
Na mesma época, foi descoberto o cortisol, que, em relação à pregnenolona, é fácil de ser modificado em laboratório e, consequentemente, mais fácil de ser patenteado como uma molécula exclusiva e diferente. Hoje, existem várias formas de cortisol não bioidênticas disponíveis no mercado, entre elas: acetato de hidrocortisona, prednisolona, betametasona, entre outros.
Desse modo, a pregnenolona foi esquecida, e os vários derivados de cortisol foram comercializados em grande escala, tornando-se, de fato, um sucesso comercial ao longo do tempo.
Dr. John Morley, da Universidade de Missouri, respeitado pesquisador em hormônios esteroides, afirma: “De forma indubitável, a pregnenolona mostrou, ao longo do tempo, propriedades extremamente encorajadoras. O lado escuro é que a indústria farmacêutica não tem interesse em industrializar porque não pode ser patenteado e, portanto, não obtém lucro.”
Pesquisas recentes da Universidade de Harvard demonstraram que a pregnenolona tem maior pico de secreção (17,5 mg/dia) ao redor dos 20 anos de idade e que, a partir dos 30 anos, sua secreção declina vertiginosamente. Por volta dos 60 anos de idade, sua secreção diminui sete vezes (2,5 mg/dia) em comparação ao observado aos 20 anos.
A melhor parte desta história é que, quando essa molécula estava quase em total esquecimento, novas pesquisas na área da medicina anti-aging (medicina antienvelhecimento) e da neurociência têm resgatado estudos sobre sua capacidade no processo de regeneração celular.