PERGUNTA:
Olá, Dr. Icaro Alves Alcântara! Tenho acompanhado suas dicas e não encontrei nada que falasse sobre desintoxicação. Desculpe se não procurei direito, rsrs. Desde criança, tenho problemas com constipação, e pensei que algo para fazer uma limpeza no meu organismo seria interessante. Acredito que seria um bom tema a ser abordado, pois ouço muitas reclamações, principalmente de mulheres com o mesmo problema que o meu. Reforço: desculpe se já existe alguma matéria sobre o assunto, mas eu não encontrei. Obrigada e um bom dia!
RESPOSTA:
Bom dia,
Desintoxicação é uma propriedade inerente a todo ser vivo, significando que todo organismo humano, que está vivo, possui vários sistemas mais ou menos especializados em reduzir a toxicidade de substâncias. Essas substâncias podem ser produzidas, transformadas ou incorporadas pelo organismo e são eliminadas de várias formas, como pelos intestinos (através das fezes), rins (pela urina), pele (por meio da transpiração), pulmões (pelo ar expirado) e pela circulação linfática, onde a linfa atua como um importante meio de condução de água, gordura e toxinas. Contudo, a eficiência destes sistemas depende basicamente de dois fatores:
1 – Gravidade da Intoxicação: Se o contato com a toxina for muito severo, seja em quantidade ou tempo de exposição, os sistemas de desintoxicação podem não conseguir lidar eficazmente com a demanda. Isso resulta em intoxicação do organismo.
2 – Condições gerais de saúde do organismo: Hábitos de vida ruins, como os descritos em http://www.icaro.med.br/habitos-saudaveis-de-vida/, uso inadequado ou abusivo de substâncias (medicamentos, remédios, suplementos, etc.), intoxicações frequentes, doenças e exposição crônica a agressões ambientais são exemplos de fatores que sobrecarregam e enfraquecem os sistemas desintoxicantes do organismo.
Portanto, sem a intenção de esgotar o assunto, mas de forma básica, a principal medida necessária para um processo de desintoxicação é melhorar ao máximo os hábitos de vida, como forma de permitir o funcionamento ótimo das vias de desintoxicação. Adicionalmente, é altamente recomendável:
- Reduzir ou mesmo eliminar as formas primárias e concomitantes de intoxicação, já que todas sobrecarregam o organismo e, consequentemente, suas estratégias habituais de eliminação de toxinas e excessos. Afinal, como esvaziar uma pia que continua enchendo mesmo com o ralo aberto?
- Conforme a gravidade do caso ou a ausência de resposta à adequação dos dois fatores mencionados anteriormente, é aconselhável submeter-se a uma anamnese médica e exames completos. Isso inclui exames periódicos e específicos para o quadro clínico em questão, tanto para identificação das intoxicações quanto para o estabelecimento de um tratamento específico, quando necessário, incluindo doenças ou desequilíbrios coexistentes que também podem sobrecarregar o organismo e seu potencial de recuperação da saúde.
No seu caso específico, há um desequilíbrio na função intestinal*. Isso certamente sobrecarrega de maneira significativa as demais vias de eliminação do organismo, tornando bastante provável a ocorrência de intoxicação no contexto do seu quadro clínico.
* Os intestinos não têm como função primária a “produção de fezes”. As funções dos intestinos são absorver nutrientes dos alimentos e excretar toxinas ou excessos. Assim, as fezes são produzidas principalmente a partir de água e fibras, associadas ao restante do funcionamento intestinal. Por isso, defecar diariamente é um bom sinal, mas não garante um funcionamento intestinal adequado. Constipação ou diarreia, fezes amolecidas ou duras demais, excesso de gases e mau cheiro excessivo das fezes são sintomas comuns de desequilíbrio intestinal.
Um abraço e saúde para todos!
Ícaro Alves Alcântara